domingo, dezembro 19, 2004

Ausência

Acordei e não estavas na cama... Estavas sentado na janela com um ar demasiado pensativo e ias fumando o teu cigarro ... Perguntei o que se passava mas não foste capaz de me responder! Sentia que algo estava errado ...Nesse dia continuaste calado e pensativo... Estiveste a observar o meu corpo desprotegido de qualquer roupa durante minutos que a mim pareceram-me horas! Nunca foste assim comigo... Resolvi vestir-me e sair um pouco! Quando estava quase a fechar a porta chamaste por mim! Pediste-me para te abraçar...Abracei-te embora sem saber o motivo.... Depois disso saí porta fora e fiquei a ver na rua os casais apaixonados a passearem! Porque é que nós nunca saimos assim? Mais tarde, quando cheguei a casa vi o teu armário vazio... dei pela ausência do teu perfume e pela ausência daquela foto que tiramos na praia, no dia em em que me beijaste a primeira vez! Tinhas ido embora e de ti só tinhas deixado um bilhete que dizia: Está fora do meu controlo....por isso parto! Ainda hoje não percebo o que querias dizer com isso e ainda hoje dou pela ausência do teu perfume, das tuas roupas, daquela foto....dou pela tua ausência!

3 comentários:

Joana disse...

às vezes "está fora do nosso controlo". é angustiante ouvir, mas pior é ter essa certeza real de que nem sempre podemos comandar a vida. somos apenas peões que se desdobram num tabuleiro que não nos pertence.
ainda bem que tentamos mudar o rumo, fazer batota. quem sabe não ganhamos no final? :)

Anónimo disse...

e pronto!! Nada como uma opiniao do sexo oposto.
Isto é sem duvida um texto perfumado do inicio ao fim.
Nota-se que a talentosa escritora pretende transmitir a angustia do desencontro. Desencontro... essa ocorrência que está muitas vezes presente na mente das pessoas que pensam demais. Ao ler um texto deste nivel imagino-me imediatamente numa praia ao fim da tarde com ceu vermelho , com um vento semi quente a bater-me no corpo e com a autora deste texto a meu lado.
Ja alguem viu o ceu vermelho ...? sem palavras.

by Pedro Cardoso

Tomatinha disse...

Não estava triste...estava pensativa... E depois adoro escrever...mesmo que não valha nda...A escrita é o meu confessionário! :)